Ensaio Sobre a Cegueira, de José Saramago:
a estética do enfrentamento
Palavras-chave:
Urgência, Enfrentamento, Estátua-aparência, Pedra-essência.Resumo
Este estudo propõe-se a demonstrar como a obra Ensaio sobre a cegueira, de José Saramago, promove o desnudamento do real, de modo a, além de se inscrever na urgência do agora, ultrapassar o tempo e se fazer inscrição em todas as urgências. O modo de fazer isso é o do enfrentamento, constituindo-se de uma negação a disfarces, fugas, eufemismos, como o seriam, por exemplo, cenários utópicos ou distópicos. Trata-se de uma encenação do enfrentamento a um real terrificante. A obra se apresenta numa arquitetura orientada pelo método marxista de compreensão da sociedade, partindo da aparência, chegando à essência e retornando à primeira, porém sob um novo olhar, tomado de clarividência. Saramago descreve metaforicamente esse movimento, tornado estético em sua escrita, denominando-o “da estátua à pedra”. Para nortear nossas reflexões, usufruiremos das reflexões de: Leyla Perrone-Moisés, sobre a criação do texto literário; de Karl Marx, no que tange a seu método de pesquisa sobre a sociedade capitalista; de Carlos Eduardo Ornelas Berriel e Julio Bentivoglio, no que se refere aos conceitos de utopia e distopia; e de Walter Benjamin, sobre história e tempo.