QUANDO A ESPERANÇA SE FAZ OBSCENA
Abstract
Este artigo analisa o filme O Último Pub, de Ken Loach, à luz das questões sociais e políticas que permeiam a obra, como a precarização do trabalho, a xenofobia e a fragmentação das redes de solidariedade. A investigação examina como o
filme reflete as consequências deletérias das políticas neoliberais no Reino Unido pós- Brexit, especialmente para as comunidades marginalizadas, imigrantes e trabalhadores. A pesquisa baseia-se nas reflexões de Byung-Chul Han sobre
a “esperança íntima”, que emerge em meio à desesperança, e na teoria freireana do “esperançar”, que propõe uma esperança ativa e transformadora. A metodologia combina análise fílmica e fundamentos teóricos da filosofia e crítica social, estabelecendo um diálogo entre os pensamentos de Han, Paulo Freire e as representações cinematográficas de Loach. O corpus da pesquisa é o filme O Último Pub, com foco em dois momentos narrativos centrais: a proposta de Yara de transformar o pub em um espaço de refeições comunitárias e o diálogo entre Yara e TJ Ballantyne na catedral, onde surge a noção de “esperança obscena”.
Esses momentos são examinados à luz das tensões entre inclusão e exclusão social, propondo que, mesmo em meio à fragmentação, há espaço para resistência e regeneração social. O artigo conclui que o filme de Loach oferece uma crítica
contundente às políticas neoliberais, sugerindo que a participação comunitária, embora fragilizada, ainda pode ser uma forma legítima de resistência frente ao caos e à exclusão.