Peregrinação a Santiago de Compostela:

memórias e narrativas

Autores

  • Valdinei Trombini Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia de São Paulo
  • Sílvia Sena Lima Universidade Paulista –UNIP

Resumo

Através das narrativas extraídas de comunicações expressas via Facebook, esse artigo objetiva analisar as experiências narradas sobre a peregrinação do Caminho de Santiago de Compostela. A problemática central reside em como esses peregrinos construíram as suas narrativas após terem percorrido o Caminho de Santiago de Compostela pela rota Francesa. Embora existam vários caminhos oficiais que levam à Compostela, temos como objeto de estudo o Caminho Francês que se inicia ao norte da França, na pequena cidade de Sant Jean Pierd Port, pois é o mais tradicional e reconhecido. O corpus se constitui nas postagens de peregrinos feitas no grupo público do Caminho de Santiago de Compostela, que foi criado em 2011 na plataforma Facebook, tendo aproximadamente 31.708 membros brasileiros pertencentes a classe média brasileira realizadas em outubro de 2019, mês que se comemora o dia do Peregrino. O percurso metodológico que adotamos neste trajeto é o qualitativo que se apoia na análise das respostas dos peregrinos. Nossa hipótese é a de que o aumento da peregrinação pela classe média brasileira para o Caminho de Santiago de Compostela, relacionase com a busca de um sentido para o autoconhecimento, que não apenas é experienciado, como também relatado em narrativas que conferem um ordenamento reflexivo ao indivíduo. Pergunta-se: O que dizem essas narrativas? O que expressam esses conteúdos narrativos sobre a peregrinação? Como resultado, consideramos que esses relatos narrados, possuem um importante papel de mediação, sobretudo à medida que ajudam a identificar, selecionar e interpretar os fatos, além de serem uma possibilidade para organizar, analisar, criticar, subverter, transformar e até substituir a experiência concreta. O critério de escolha dos relatos dos peregrinos, foi através da observação das expressões feitas pela classe média através dos relatos textuais no aplicativo, permitindo a análise dessas narrativas. Foram coletados comentários onde foi evidenciada a busca de um sentido e os diversos horizontes abordados pelos peregrinos. Nesse ínterim, objetivamos também delinear as motivações que levaram a realização da peregrinação, com base nas entrevistas e testemunhos coletados. Narrador, espaço, personagens e tempo relacionam-se com a finalidade de produzir sentido e memória. Como referencial teórico utilizamos, Walter Benjamin (1994), que dará suporte às narrativas, aos tipos de narradores e à relação direta com o fato de narrar; Sandra de Sá Carneiro (2004), que apresenta o significado e os sentidos de uma peregrinação na modernidade; Maurice Halbwachs (1990), que defende a memória individual como social, porque todas as lembranças trazem consigo parte de uma memória coletiva; Carlos Alberto Steil (2010), que afirma o papel da experiência da peregrinação na configuração dos sentidos. Concluímos que a necessidade de se narrar o que foi vivenciado no caminho para muitos peregrinos, relaciona-se com a busca de um sentido para o seu autoconhecimento, que não apenas é vivido como experienciado através da peregrinação lhe conferindo um ordenamento reflexivo.

Biografia do Autor

Valdinei Trombini, Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia de São Paulo

Professor do Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia de São Paulo – São Roque – SP,
Doutorando em Comunicação na UNIP – Universidade Paulista –SP

Sílvia Sena Lima, Universidade Paulista –UNIP

Professora da Universidade Paulista –UNIP –São Paulo – SP. Mestranda em Comunicação na UNIP- Universidade Paulista – São Paulo-SP

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Publicado

2025-01-22

Edição

Seção

Artigos