Representação Ideológica e Pluridiscursividade em Memorial do Convento
Resumo
Se a História e o romance têm como antecedente comum as narrativas épicas clássicas e medievais, os seus objetivos foram-se claramente distanciando e especializando. Sem deixar de procurar, tanto quanto é possível, o apuramento da verdade factual, a Nova História, que se afirmou em França na década de 70 do século passado, reconheceu a existência de uma forte componente subjetiva no trabalho do historiador e ampliou o alcance do objeto de investigação, que deixou de circunscreverse aos grandes protagonistas e aos grandes acontecimentos epocais. De idêntico modo, o autor de Memorial do Convento revisita o passado através do olhar da gente comum, dando (outrora agora) voz a quem não teve voz e devolvendo, ficcionalmente, a história aos seus verdadeiros agentes