Crime e castigo em Les Bienveillantes, de Jonathan Littell
Resumo
O objetivo deste trabalho é propor uma leitura de Les Bienveillantes, de Jonathan Littell, em que um escritor de origem judaica relata, em primeira pessoa, do ponto de vista de um carrasco nazista, a invasão do Leste europeu durante a Segunda Guerra e, particularmente, o genocídio dos judeus. Ao longo da leitura, procuro investigar como se articulam e como contribuem com a economia do romance dois de seus elementos constitutivos fundamentais: o tom irônico, marcado pela inversão de papéis entre vítima e perpretrador, e a presença da tragédia grega, uma vez que o título Les Bienveillantes corresponde às Erínias ou Fúrias, deusas que castigam os crimes familiares, como o de Orestes, o herói matricida cujo julgamento é reposto por Jonathan Littell, num contexto em que a intertextualidade com Eumênides, de Ésquilo, aproxima-se do pastiche e do rebaixamento paródico. Tais procedimentos, somados à apropriação que o romance faz de vários gêneros, como a narrativa memorialista, o romance histórico e o romance de tese realista, integrando uma pluralidade de vozes e dicções, permitem acrescentar aos dois problemas a serem investigados sua possível filiação à estética pós-modernista.
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