A deseuropeização da paisagem linguística israelense, 1948-2000
Resumo
Este artigo propõe-se traçar um paralelo entre o triunfo do jacobinismo linguístico da França republicana e o sucesso da glotopolítica israelense que conseguiu desarraigar em pouco tempo o babelismo herdado do passado diaspórico dos Israelenses. A imposição do hebraico teve consequências irreparáveis tanto sobre as línguas judias tradicionais quanto sobre as línguas faladas pelos judeus de Europa central, oriental ou balcânica. No entanto, a ruptura na transmissão das línguas não foi apenas a consequência de um desenho ideológico. Também respondeu à necessidade prática de facilitar a comunicação dentro do mesmo lar. Seja o que for, a paisagem linguística israelense aparece hoje em dia muito empobrecida em decorrência da erradicação das línguas faladas uma geração anterior. Para dar uma ideia da amplitude da transformação que levou do plurilinguismo ao monolinguismo, comparamos as trajetórias linguísticas de Paul Celan e Aharon Appelfeld, originários ambos de Czernowitz. Este confronto entre um poeta atado à língua alemã e um escritor que preferiu a língua hebraica ilustra em um modo muito flagrante o impacto do monolinguismo israelense sobre as identidades linguísticas originais. O artigo acaba com uma reflexão sobre a influência do inglês americano sobre o desenvolvimento mais tardio do hebraico moderno. Longe de constituir um fator de europeização, o impacto do inglês americano aparece como a manifestação linguística da dinâmica da globalização. A mediação do inglês americano na relação com o mundo exterior compensa a perda das línguas europeias
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